Ataque com drones a Maduro ocorreu em 2018 e não teve autoria reivindicada — Foto: g1
A descoberta foi feita com o Very Large Telescope (VLT), operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), no deserto do Atacama, no Chile.
Circula nas redes sociais um vídeo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, interrompendo um discurso após ouvir estrondos – segundo publicações que divulgaram a gravação, o registro seria de um ataque com drone dos Estados Unidos. É #FAKE.
selo fake — Foto: g1
🛑 Como é a publicação falsa?
Publicado nesta quarta-feira (20) no Facebook, onde teve mais de 517 mil visualizações, o post tem o seguinte título: "Drone dos EUA por pouco não atinge Nicolás Maduro – a caça está aberta". Ele exibe o vídeo de um incidente ocorrido, na verdade, em 2018, mas omite essa informação.Na filmagem real – e usada agora fora de contexto no conteúdo viral –, o presidente da Venezuela aparece discursando em um evento militar. De repente, um estrondo interrompe o pronunciamento. Imediatamente depois disso, membros da guarda presidencial e militares que estavam com Maduro no púlpito se movem para cercá-lo. O texto que acompanha a fake traz a seguinte descrição: "Um drone militar dos Estados Unidos teria chegado perigosamente perto de atingir o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Fontes ligadas à inteligência internacional afirmam que a pressão sobre o governo venezuelano aumentou drasticamente, levantando suspeitas de que uma verdadeira 'caçada' pode estar em andamento". O material mentiroso viralizou um dia depois de os Estados Unidos terem deslocado navios de guerra para a costa da Venezuela. Na mesma data, o governo de Donald Trump afirmou que iria usar "toda a força" contra Maduro (entenda ao final da reportagem). No início do mês, a Casa Branca já havia aumentado para US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação do líder venezuelano, acusado pelo Departamento de Justiça americano de envolvimento com tráfico de drogas e narcoterrorismo.
⚠️Por que isso é mentiroso?
O post mentiroso não diz, mas o episódio mostrado no vídeo aconteceu durante a cerimônia de 81 anos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), em 4 de agosto de 2018, em Caracas. Não tem, portanto, qualquer relação com o recente envio de tropas dos Estados Unidos para o Caribe.
Para descobrir de onde veio o material usado no post viral, o Fato ou Fake usou a plataforma InVID e fragmentou o vídeo em vários frames (imagens estáticas). Depois, fez uma busca reversa por essas "fotos" no Google Lens, ferramenta que permite encontrar a origem de materiais na internet, ao apontar publicações mais antigas em que eles apareceram. O resultado da pesquisa levou, justamente, a registros a cerimônia de 81 anos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). À época, agências internacionais de notícia, como a Reuters e Agência France-Presse (AFP), relataram duas versões diferentes para o estrondo: segundo uma delas, teriam sido usados drones com artefatos explosivos; já a outra citou a explosão do tanque de gás num apartamento localizado mesma avenida onde ocorreu o evento comemorativo.Na ocasião, Maduro acusou os Estados Unidos e a Colômbia -- então presidida pelo direitista Juan Manual Santos -- de estarem por trás do que ele chamou de "atentado": "As primeiras investigações nos indicam que vários dos financiadores vivem nos Estados Unidos, no estado da Flórida. Espero que o presidente Donald Trump esteja disposto a combater grupos terroristas", afirmou Maduro, em transmissão nos canais oficiais de rádio e TV.Em dezembro de 2022, a hispano-venezuelana María Delgado Tabosky e os militares venezuelanos aposentados Juan Carlos Marrufo e Juan Francisco Rodríguez foram condenados a 30 anos de prisão por suposto envolvimento no caso de 2018, sob acusações de "terrorismo, traição e associação criminosa".
📌 Qual é o contexto da fake?
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela voltou a escalar em julho, quando o governo Trump divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de US$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro — valor que foi dobrado no início deste mês.Em resposta, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, classificou a ação como “fantasiosa, ilegal e desesperada, ao melhor estilo faroeste de Hollywood”. Nesta terça-feira (19), o governo Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos, alegando ameaças diretas dos Estados Unidos.No mesmo dia, os EUA enviaram três destróieres com mísseis guiados para a costa venezuelana, reforçando a operação contra cartéis de drogas no Caribe.Em discurso nesta quarta, Maduro rebateu as acusações e afirmou que a Venezuela enfrenta “agressões imperialistas” e uma campanha de intimidação vinda dos Estados Unidos: "Vivemos um frenesi de ameaças a granel. Acreditam que são donos do mundo e que basta uma palavra deles para que os povos se rendam".
Ataque com drones a Maduro ocorreu em 2018 e não teve autoria reivindicada — Foto: g1
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