Do Ebola ao Sabiá: pesquisadora brasileira é treinada nos EUA para lidar com vírus letais 8u.com
Três décadas após o primeiro caso, o vírus Sabiá ainda intriga a comunidade científica. Identificado pela primeira vez em Cotia (SP), ele é o único patógeno brasileiro classificado no nível máximo de risco biológico, a classe 4, que inclui agentes como o Ebola.
🔎 A classe 4 de risco biológico é o nível mais alto de biossegurança. Abrange agentes capazes de causar doenças graves e fatais, sem tratamento ou vacina disponíveis. Por isso, só podem ser manipulados em laboratórios com estruturas controladas, barreiras físicas e protocolos rígidos.
Para estudar vírus na classe 4, pesquisadores passam por um treinamento que, nos Estados Unidos, envolve até a investigação do FBI sobre a vida deles. Jacqueline Shimizu, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), passou pelo processo - entenda aqui.
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Abaixo, confira o que se sabe e o que ainda falta esclarecer sobre a infecção:
Qual a origem do vírus?Onde surgiram os primeiros casos?Como ocorre a transmissão?Quais são os sintomas?Existe tratamento ou vacina?Por que é considerado tão perigoso?Quais são os avanços mais recentes da ciência?
1. Qual é a origem do vírus?
O vírus foi batizado em referência ao bairro Sabiá, em Cotia (SP), onde ocorreu o primeiro caso. Ele pertence ao gênero Mammarenavirus, que inclui outros arenavírus responsáveis pela febre hemorrágica viral em humanos:
Vírus Junin (na Argentina);Vírus Machupo e Chapare (na Bolívia);Vírus Guanarito (na Venezuela).
2. Onde surgiram os primeiros casos?
O primeiro caso ocorreu nos anos 1990, em Cotia (SP), em uma engenheira agrônoma de 25 anos que morreu após a infecção. Outros três episódios foram registrados:
um técnico de laboratório de 39 anos, infectado ao manipular amostras da primeira paciente, mas que se recuperou;um virologista nos Estados Unidos, provavelmente durante pesquisa, também curado;um operador de máquina de café, de 32 anos, em Espírito Santo do Pinhal (SP), em 1999. O caso evoluiu para óbito.
3. Como ocorre a transmissão?
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), a transmissão da febre hemorrágica brasileira acontece pela inalação de partículas de urina, fezes ou saliva de roedores infectados.
Não se sabe qual é a espécie transmissora da doença no Brasil, mas os hospedeiros dos vírus são roedores silvestres, ou seja, que vivem em ambiente de mata e com alta densidade de vegetação.
Transmissão da febre hemorrágica brasileira acontece pela inalação de partículas de urina, fezes ou saliva de roedores infectados — Foto: Getty Images via BBC
4. Quais são os sintomas?
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a febre hemorrágica brasileira tem um período de incubação considerado longo, de entre uma semana e mais de um mês. Os principais sintomas são:
febremal-estardores muscularesmanchas vermelhas no corpodor de gargantador de estômago e atrás dos olhosdor de cabeçatonturassensibilidade à luzconstipaçãosangramento de mucosas (boca e nariz, por exemplo)
“Conforme o quadro evolui, há risco de comprometimentos neurológico (sonolência, confusão mental, alteração de comportamento e convulsão) e hepático (hepatite)”, destacou, em nota.
5. Existe tratamento ou vacina?
Não existe terapia específica ou vacina. O tratamento é feito de acordo com os sintomas dos pacientes.
6. Por que é considerado tão perigoso?
O Sabiá integra a classe 4 de risco biológico (NB4), a mais alta, devido à alta letalidade e ausência de medidas eficazes de cura. Ele está na mesma categoria de vírus como Ebola e o Marburg.
7. Quais são os avanços mais recentes da ciência?
Uma pesquisadora brasileira passou por treinamentos internacionais para estudar o vírus em condições seguras. A analista de desenvolvimento tecnológico Jacqueline Farinha Shimizu concluiu um treinamento NB4 na University of Texas Medical Branch (EUA), onde manipulou o vírus Sabiá.
Além disso, está em construção, em Campinas (SP), o projeto Orion, primeiro complexo de laboratórios NB4 da América Latina. Ele permitirá que o Sabiá e outros patógenos sejam estudados no Brasil, em condições de segurança, sem depender exclusivamente de parcerias internacionais.
Em construção no campus do CNPEM, o maior investimento nacional em ciência na história do Brasil, o laboratório terá 29 mil metros quadrados e deve ser inaugurado em 2027. O custo estimado da obra é de R$ 1,5 bilhão.
Perspectiva artística do Orion, complexo laboratorial de máxima contenção biológica que será construído no CNPEM, em Campinas (SP), como parte do novo PAC do governo federal — Foto: Reprodução/CNPEM
*Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos.
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