Mesquita no Afeganistão — Foto: AP
Turistas têm começado a chegar ao Afeganistão, muitos deles viajando sozinhos ou em pequenos grupos, em meio a um cenário que até pouco tempo atrás era dominado pela guerra.
O governo Talibã, que retomou o poder há mais de três anos, mas ainda não foi reconhecido formalmente por nenhum outro país, vê com entusiasmo essa retomada.
“O povo afegão é caloroso e acolhedor, e quer receber turistas de outros países e interagir com eles”, disse o vice-ministro do Turismo, Qudratullah Jamal, em entrevista à agência Associated Press no início de junho.
“O turismo traz muitos benefícios para um país. Reconhecemos isso e queremos que nossa nação aproveite ao máximo.”
Um setor com potencial milionário
O turismo é um setor multibilionário e vital para muitas economias ao redor do mundo. No caso do Afeganistão, isolado no cenário internacional devido, em grande parte, às restrições impostas às mulheres e meninas, o setor pode representar uma alternativa importante para movimentar a economia e reduzir a pobreza que atinge grande parte dos 41 milhões de habitantes.
“Já estamos arrecadando uma quantia considerável com essa indústria, e estamos confiantes de que ela crescerá ainda mais no futuro”, afirmou Jamal.
Segundo ele, o dinheiro gasto por turistas tende a alcançar mais camadas da sociedade do que a receita gerada por outros setores. “Estamos otimistas de que o turismo se tornará uma grande economia, com impacto positivo significativo no fortalecimento da nossa economia nacional.”
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Crescimento lento, mas constante
O visto de turista é fácil e rápido de obter, e voos partindo de grandes centros como Dubai e Istambul chegam ao país várias vezes por semana.
O governo afegão até criou um instituto de treinamento voltado exclusivamente para homens que desejam trabalhar com turismo e hospitalidade.
Apesar de os números ainda serem baixos, há crescimento. Segundo Jamal, cerca de 9 mil turistas estrangeiros visitaram o Afeganistão em 2023. Apenas nos três primeiros meses de 2024, já foram quase 3 mil.
Após quatro décadas de conflitos quase ininterruptos, o Afeganistão — conhecido por suas montanhas imponentes, vales profundos e patrimônio histórico milenar — começa a se reabrir ao mundo.
Desde que o Talibã retomou o controle do país em agosto de 2021, encerrando a insurgência contra o governo apoiado pelos EUA, os atentados com bombas e ataques suicidas praticamente cessaram.
Ainda assim, a violência não foi completamente eliminada. Um braço do Estado Islâmico continua ativo no país e, em maio de 2024, homens armados mataram seis pessoas — entre elas, três turistas espanhóis — em Bamiyan, um dos principais destinos turísticos do país, onde ficavam os Budas gigantes destruídos pelo Talibã em 2001.
Mesmo com o fim da guerra, governos ocidentais ainda desaconselham viagens ao país. Ainda assim, o Talibã destaca a queda nos índices de violência.
“O Afeganistão passou por anos de guerra e dificuldades. Agora, queremos que os turistas conheçam as verdadeiras tradições e costumes do nosso povo, e vejam de perto a criatividade e a resiliência dos afegãos”, afirmou Jamal, garantindo que há “segurança abrangente em todo o território”.
Dilema ético
Críticos questionam a ética de turistas estrangeiros visitarem o país em meio às duras restrições contra metade da população: as mulheres.
No Afeganistão do Talibã, mulheres e meninas não podem estudar além do ensino primário, têm acesso limitado ao mercado de trabalho e estão proibidas de entrar em parques, academias e salões de beleza. Além disso, precisam cobrir o rosto em público, embora muitas ainda desafiem a regra, principalmente em Cabul.
Alguns turistas afirmam ter refletido sobre as implicações éticas da viagem, mas decidiram ir mesmo assim, para ver a realidade com os próprios olhos.
A franco-peruana Illary Gomez contou que ela e seu parceiro britânico, James Liddiard, debateram por cerca de um ano se incluiriam o Afeganistão na rota de motorhome entre o Reino Unido e o Japão.
“Algumas coisas pareciam moralmente erradas”, disse ela. Mas, já no país, o casal afirma ter encontrado um povo acolhedor e paisagens impressionantes. Segundo eles, a presença de turistas não representa apoio ao regime talibã.
“Viajando, você coloca dinheiro diretamente nas mãos das pessoas, não do governo”, disse Liddiard.
Vice-ministro do Turismo do Afeganistão, Qudratullah Jamal — Foto: AP
Construindo pontes
O tratamento das mulheres é um tema sensível para o governo. Jamal evitou comentários específicos, mas garantiu que turistas de todos os gêneros são bem-vindos.
“Aqueles que respeitam nossas leis e tradições já vieram — e podem continuar vindo”, afirmou.
As restrições severas impostas às mulheres afegãs são, em grande parte, mais flexíveis para estrangeiras. Embora sejam obrigadas a usar lenço na cabeça, raramente são cobradas a cobrir o rosto e podem, em alguns casos, acessar áreas públicas vetadas às afegãs, como parques.
Para o governo, abrir as portas ao turismo também tem um papel diplomático e cultural.
“É uma forma valiosa de promover o intercâmbio entre povos. Ajuda a fortalecer relações internacionais e também traz benefícios para o comércio”, disse Jamal à AP.
“Quando estrangeiros nos visitam, os afegãos também aprendem com eles. O turismo favorece o entendimento mútuo, o intercâmbio cultural e o desenvolvimento de talentos.”
Segundo ele, o contato direto entre visitantes e moradores “cria vínculos, aproxima as pessoas e constrói confiança mútua”.
“Portanto8u com, isso não é apenas desenvolvimento econômico. Traz também benefícios espirituais e políticos”, completou.
Afeganistão